sexta-feira, maio 1

Pinheiríadas e Criatividade versus Politica Autárquica

Ontem, no Grande Auditório da Universidade do Algarve, teve lugar a 7ª Edição das Pinheiríadas 2009. Neste local acolhedor toda a comunidade escolar demonstrou, de alma e coração, a importância do que é ser criativo na actualidade. Os alunos do 11º e do 12º anos deambularam por várias temáticas, utilizando sempre uma atitude intelectual e uma perormance artística, corporal e literária, que de forma veemente percorria o tão exigente palco da ribalta. Muito bem recebidos e apoiados, os jovens foram brindados com fortes aplausos do público, no seio do qual se destacavam os seus familiares e ilustres professores. A importância do dinamismo desta comunidade escolar percorreu os olhos abismados de quem os prazenteiramente vislumbrava. As temáticas do Amor e da Liberdade inspiravam e compunham algumas das provas de criatividade e de leitura. Ontem, confesso que enchi a alma de orgulho por constatar que a nova geração será bem melhor que a minha, simplesmente porque estes jovens prodigiosos com apenas 16, 17 e 18 anos, sabem reconhecer o verdadeiro significado do sentimento puro e desinteressado.
Impõe-se acrescentar que na Escola Secundária de Pinheiro e Rosa dei os meus primeiros passos no mundo da criatividade, da escrita e do espírito de Equipa. Afirmo ainda com absoluta convicção que foram os Professores desta escola que me fizeram sonhar e acreditar num mundo melhor. Com a ESPR cresci em segurança e aprendi a dar valor às coisas simples.

Mudando de registo e fazendo a ponte entre as Pinheiriadas e a Política... E, como este blogue está direccionado para a política de falar verdade, aqui vai o propósito deste post.

Como não poderia deixar de ser, o Presidente da Câmara de Faro, Dr. José Apolinário, foi convidado, com toda a pompa e circunstância, a discursar na abertura das Pinheiríadas. Prontamente, o presidente da edilidade farense dirigiu-se ao palco e como não podia deixar de ser, veio ao de cima o seu espírito oportunista, aproveitando o ensejo para de imediato proferir um discurso de propaganda política, absolutamente eleiçoeiro, mas que embora não parecesse tinha algo de derrotista....
Passo a exlicar...
O Dr. José Apolinário apelou a toda a comunidade escolar para elevar o seu espírito empreendedor e criativo, como sendo os únicos meios de sobrevivência nos dias de hoje, dado que o desemprego é uma realidade incontornável. E agora, pergunto: Quem não nasce com a criatividade entranhado nos póros da pele como é que faz? Há muitos indivíduos de grande valor, no entanto é bem verdade que também subiste entre os jovens muita falta de criatividade e de sensibilidade, o que reproduz per si um espírito de iniciativa quase nulo. É preciso perceber que há pessoas diferentes, especiais ou, por outro lado, mais evidentes no que é real e não no que é abstracto. E o empreendedorismo equaciona-se numa linha de abstraccionismo e de criatividade que nem todos possuem. E, eu pergunto, que solução se dá às pessoas realistas?
A questão passa pelo seguinte, o Presidente da Câmara induziu quem o ouvia, que não coexistiam políticas governativas eficazes para combater o desemprego e desta feita, a única hipótese seria, tornarmo-nos todos autónomos, individualistas, criativos e empreendedores o quanto baste, porque o emprego é obviamente escasso. Ora bem, pressupõe-se que não há soluções à vista. Mas há, obviamente com um outro autarca, esse sim mais empreendedor e criativo, no sentido de encontrar novos caminhos e novos projectos para o futuro dos jovens... Com este discurso todos ficamos a saber que com José Apolinário não se vislumbram soluções, no que concerne ao combate ao desemprego que galopantemente prolifera no mercado de trabalho, direccionado para as camadas mais jovens. E, na perspectiva do actual Presidente da nossa autarquia, não parece que exista um horizonte de esperança, principalmente para os jovens não criativos.

E mais, ontem após ter assistido a um programa de televisão fiquei perplexa com a necessidade que os cidadãos têm de apelar ao governo, de que existem pessoas diferentes com limitações a vários niveis,nomeadamente doenças do foro psíquico, são absurdamente descriminadas no mundo do mercado de trabalho e, muitas das vezes, ainda que se encontrem já em regime de efectividade laboral, são literalmente expulsas das suas funções, não recuperando jamais o seu posto de trabalho, tendo mesmo que viver para sempre dependentes de terceiros.

Pois aqui registo, a dualidade e incoerência dos pressupostos anteriormente evocados. Senão vejamos, o Presidente da Câmara de Faro apelava à criatividade, pois bem, devo dizer-lhe que as pessoas especiais, ou porventura com necessidades especiais, que padecem de doenças tão debilitantes como as do foro psicológico, são seres humanos tão criativos quanto os outros, talvez até mais do que se possa imaginar. Ora, se o mercado de trabalho discrimina as pessoas especiais, então, por assim dizer, também discrimina os criativos.

Então, pergunto, em que ponto ficamos?

2 comentários:

Anónimo disse...

força zara estamos ctg!..o resto são invejas...lol...

Anónimo disse...

Parabéns pela brilhante exposição, Zara.
Em mais uma mera aparição pública, O Dr. José Apolinário lá debitou os habituais bitaites que ficam bem em qualquer ocasião. Tu foste mais longe, conseguiste ver para além do discurso "criativo" do ainda presidente da CMF e traçaste um quadro abrangente das problemáticas que assombram a nossa juventude.
Não percas o fôlego nem dês importâncias às más línguas.
O caminho é este!;)