sexta-feira, outubro 8

Uma situação na baixa de Faro

Tem-se notado ao longo dos últimos anos a progessiva deterioração do estado dos imóveis/casas/prédios da baixa histórica da nossa cidade de Faro, sem que pouco ou nada tenha sido feito para contrariar a sua degradação e preservação, independentemente do seu valor histórico, cultural e arquitectónico.

Deste modo, através por esta via chamar a atenção para dois testemunhos em concreto:

O edificio que alberga o nº11 (rés do chão) e o nº13a (1º andar) e uma loja térrea (autónoma do conjunto) na Rua de Santo António em Faro e ainda o edificio que alberga o nº13 (loja térrea), nº15 (1ºandar) e o nº17 (loja térrea) localizado na Travessa Rebelo da Silva, que tive oportunidade de visitar e verificar pessoalmente as condições em que cada um dos dois se encontram e se já dispunham de algum plano ou projecto de recuperação com vista à sua execução.

No caso do edificio referido na Rua de Santo António, a sua situação já não é de agora. Pelo que me pude aperceber, a sua degradação é algo que se tem desenrolado ao longo dos últimos 25 anos, com maior ou menor gravidade, tendo já há aproximadamente 15 anos sido elaborado um projecto de recuperação, o qual iria beneficiar de apoios Europeus e que devido a múltiplas razões acabou por não ser levado a efeito. O prédio em si, está na sua maior parte arrendado a um único inquilino (nível térreo e 1º andar) e a outra pequena área a outro inquilino (pequena loja térrea). A ocupação geral deste edificio, tem variado ao longo dos tempos, apesar de nos últimos anos a sua área utilizável ter vindo a ser reduzida, devido à deterioração do imóvel em si e que afectou a única casa de banho do prédio, mantendo-a practicamente fora de uso.

Fotografias de Gonçalo Santos

Apesar deste imóvel ter benificiado de algumas obras de recuperação no interior e contenção estrutural do telhado, desde há aproximadamente um ano os vãos exteriores do prédio, ao nivel térreo foram entaipados por decisão da Câmara Municipal, ficando assim inviabilizada a utilização do espaço.

O outro espaço térreo, separado do conjunto atrás referido, continua arrendado sendo utilizado actualmente como loja de roupa infantil, tendo-se mantido a custo em actividade, pelo facto de se ter persistido na realização de pequenos trabalhos de preservação quase cirúgicos dos seus interiores.


No caso do já mencionado edificio da Travessa Rebelo da Silva, o aparente razoável estado de conservação, não corresponde à realidade interna, dada as profundas infiltrações derivadas do estado de abandono do piso superior, ultimamente desocupado do seu uso habitacional e carecendo de profundas obras de recuperação ao nivel dos telhados de cobertura que provocam a desagregação das paredes interiores e exteriores do piso superior.

Fotografias de Gonçalo Santos

Esperamos que algo se faça num futuro próximo para que estes dois prédios referidos e os seus vizinhos, em situação similar, não venham a ficar num estado que inviabilize a sua recuperação.


É igualmente de se esperar que a baixa histórica da cidade, caracterizada por um elevado número de imóveis setecentistas e oitocentistas, originalmente habitacionais, não seja esquecida, tanto no que se refere à sua preservação como testemunho arquitéctonico, mas também como local de residência permanente, garantindo uma efectiva utilização e contrariando a tendência de desertificação dos núcleos históricos das cidades algarvias, das quais a baixa de Faro se nos afigura como um dos casos mais críticos e que deverá ser urgentemente socorrido e intervencionado.


Gonçalo Santos (Licenciado em História e militante da JSD/Faro)

1 comentário:

GSMG83 disse...

o que relatei neste blog veio hoje pelo menos em parte a confirmar-se.Em sinal/prova da degradação de todo o imóvel.
Na parte contigua/q antecede o"edificio que alberga o nº11 (rés do chão) e o nº13a (1º andar) e uma loja térrea (autónoma do conjunto) na Rua de Santo António",houve uma queda de pedras q faziam parte do beiral do telhado.
Sendo esta ocurrência um sinal de alerta +concreto.A menos que algo se faça o quanto antes similar ou mais substancial poderá acontecer no mesmo edificio ou em qualquer outro no centro histórico da cidade.