segunda-feira, agosto 24

Faro solidário com Ciganos

Num passado não muito longínquo, foi noticiado que Faro está no "Top 3" dos distritos que mais apoiam as famílias ciganas, através, nomeadamente, do Rendimento Social de Inserção, sendo apenas ultrapassado por Lisboa.

Lê-se no relatório que este subsídio do Estado revelou-se "uma medida da maior importância face à situação de pobreza extrema em que se encontra parte da comunidade cigana".

E para comprovar a situação de pobreza extrema que se verifica, não obstante o apoio, financeiro e não só, que a Câmara Municipal de Faro atribui a esta comunidade, atente-se nas seguintes imagens, captadas de um local às portas da cidade:

A zona de esplanada



A zona do estendal



A zona de habitação social



E isto é apenas um pequeno espectro do lastro de porcaria e imundície que reina por estes lados. Sim, porque todo o cuidado é pouco quando nos tentamos aproximar deste local, uma vez que corremos o risco de sermos fuzilados, por estarmos a "invadir" uma propriedade que supostamente é privada, mas que foi tomada de assalto por esta comunidade e que, como tal, lhes dá todo o direito de ter uma postura de domínio e soberania sobre a mesma.

Mas fosse este um problema isolado...estaríamos bem. Como será do conhecimento geral, são diversas as comunidades ciganas espalhadas pela nossa cidade, do Vale da Amoreira à Horta da Areia, do Montenegro aos Gorjões.

Outra que tem vindo a proliferar proficuamente assentou arraiais em pleno Cerro do Bruxo, num local onde outrora foi uma Pista de Motocross e que dá lugar actualmente a um faustoso aglomerado populacional que alberga mais de 50 famílias. Quel maravilhe!



Maravilha maior é a solução que o executivo camarário pretende criar. Senão vejamos:

No início deste ano foi anunciado pelo ainda Presidente da autarquia farense que até ao final de Março teria início a construção de um novo Loteamento Municipal nos Braciais/Patacão, num total de 315 fogos, dos quais 158 destinados a realojamento social e 157 a habitação a custos controlados, seguindo-se o desenvolvimento de outro empreendimento de habitação municipal em Estoi com um total de 310 habitações.

Questão para colocar: Onde estão eles? Será que o actual executivo conseguirá o milagre de os erigir em meia dúzia de semanas!?

Será esta a óptima solução a dar à comunidade cigana? Atirá-los para longe da nossa vista, dar-lhes uns apartamentos para lá colocarem os burros e as galinhas e fazerem fogueira com os tacos de madeira e o mobiliário, de modo a não incomodarem muito quem vive na cidade?

E se alguns dos fogos eram para realojamento social, os outros seriam para habitação a custos controlados...mesmo que assim fosse, imagino quantas seriam as pessoas que gostariam de ter um cigano como vizinho.

Esta não é, claramente, uma alternativa viável, uma vez que estar-se-ia a criar mais um bairro social, mais um ghetto, à semelhança do que já existe noutros locais do país e que são conhecidos pelas piores razões. (Chelas, Boavista, etc)

Qualquer estudo sociológico mais aprofundado concluirá que as famílias ciganas devem ser realojadas de forma dispersa para melhor integração.

De acordo com o último relatório parlamentar sobre portugueses ciganos, publicado em Março de 2009, concluiu-se que "as famílias ciganas devem ser realojadas de forma dispersa pela malha urbana, em vez de serem concentradas em bairros sociais, para promover a sua integração na comunidade".

Para a Comissão Parlamentar, é necessário um trabalho profundo que atente em questões como as da localização das habitações, as tipologias das casas, as características da população carenciada e a restante comunidade com quem os realojados vão passar a conviver. A este respeito, são conhecidos os casos de sucesso do Parque Nómada de Coimbra e outros que se encontram em fase de implementação, como é o caso da Marinha Grande.

Sucede, porém, que há um conjunto de preconceitos que levam a que as famílias ciganas sejam colocadas nas periferias, em terrenos impróprios ou com deficientes condições de habitabilidade, como pretende levar a cabo o actual executivo camarário.

Dar uma casa não resolve, por si só, o problema. Atribuir o Rendimento Social de Inserção muito menos, uma vez que, como todos nós sabemos, este tipo de prestações são utilizados, as mais das vezes, na compra de mercadorias para revenda.

Há todo um conjunto de incentivos e apoios que urge serem equacionados para uma efectiva integração da comunidade cigana.

Refira-se, a título exemplificativo, os apoios à criação do próprio emprego como alternativa à venda tradicional, o estabelecimento de parcerias locais, a promoção da responsabilidade social das empresas e a aposta na figura do mediador como elemento estratégico para construir postos de trabalho.

Como se vê, os projectos de habitação social sublimemente anunciados pelo Dr. Apolinário deixam antever o que tem sido e será a política para Faro: um conjunto de projectos de cabeceira, sem qualquer estudo prévio, de duvidoso planeamento e consistência práticas, que mais não passam do que outdoors irreiais prontos a iludir a população farense.

Apelo portanto, ao sentimento crítico de todos os farenses, ao conhecimento aprofundado das questões e dos projectos anunciados, de forma a que no dia 11 de Outubro, Faro deixe de ser a cidade bela que nos pretendem vender e se assuma, de uma vez por todas, como uma verdadeira Capital Regional.

Sem comentários: