O Solstício de Inverno, que este ano acontece a 22 de Dezembro, marca a noite mais longa do ano, onde o Sol apenas demorará nove horas e 28 minutos entre o nascer e o pôr.
De acordo com o jornal Observatório do Algarve, ancestralmente, festejava-se o solstício para apaziguar o deus Sol, levá-lo a mostrar-se, para tornar o Inverno mais suave. Ansiava-se pelo fim do ciclo invernoso, e como após o solstício surgiam dias maiores e mais claros, reacendia-se a esperança de boas colheitas, enraizava-se a crença de as oferendas terem sido bem recebidas.
É o apogeu do Inverno, o ponto culminante da escuridão e do frio que afasta a vida. Apartir desta data, gradualmente, a noite começa a encolher, começa a durar menos, até que, no solstício de verão, os papéis se invertam na eterna gangorra que determina o equilíbrio da natureza.
Para muitos neo-pagãos (wiccanos, neo-druidas e outros), é chegado o momento de celebrar YULE – um termo amplamente usado para designar o Solstício de Inverno.
Para muitos neo-pagãos (wiccanos, neo-druidas e outros), é chegado o momento de celebrar YULE – um termo amplamente usado para designar o Solstício de Inverno.
Mas esse termo traz em si um problema: Yule é um vocábulo de origem germânica absorvido pelo idioma inglês. Em dicionários modernos desse idioma, Yule é descrito como uma palavra antiga (e portanto não mais utilizada) para designar... o Natal.
O Yule ou Solstício de Inverno é um período que marca um ciclo da Terra Viva e da sua relação com o Sol.
As culturas européias do neolítico atribuíam grande importância a este período, como atestam as muitas construções megalíticas a ele relacionadas. Dentre estas, a mais conhecida é Stonehenge – um verdadeiro computador para o cálculo de solstícios e equinócios. Mas seguramente a mais impressionante é BRÚ NA BÓINNE, na Irlanda – também conhecida como Newgrange.
Essa enorme estrutura, erguida pelos habitantes da Irlanda neolítica há mais de 4500 anos, é uma obra prima da engenharia pré-histórica. Trata-se de um monte artificial erguido sobre uma câmara em forma de cruz que penetra mais de 24 metros no interior do monte. Lá dentro, escuridão total e silêncio. A não ser durante três dias por ano: o Solstício de Inverno e os dias imediatamente antes e depois dele.
Atualmente, com o auxílio de computadores e cálculos de precessão, é possível determinar com exatidão o ponto exato do horizonte oriental em que o sol nasce num determinado dia. Mas naquela época, em 2500 a.e.c. (antes da era comum, ou antes de Cristo), seriam necessários muitos anos de observação e conhecimento da movimentação da terra e dos astros para definir com precisão esse momento celeste.
Isto por si só já mostra claramente que o Solstício de Inverno é uma data importante para a humanidade desde há muito tempo.
Mas não se fica por aqui... Nenhum povo dedicaria tanto esforço físico e mental para construir tamanha estrutura se não fosse por um motivo muito forte. Mas qual seria esse motivo?
As pesquisas arqueológicas indicam que, no interior da câmara subterrânea de Newgrange, eram depositados os corpos e as cinzas dos mortos daquela cultura ancestral. Ali permaneciam, intocados, durante a escuridão que ali reinava durante praticamente todo o ano. Mas nos três dias próximos ao Solstício de Inverno, um milagre: entram na câmara os primeiros raios do sol nascente, o Novo Sol que volta a crescer depois do Inverno, trazendo consigo a certeza de que, após o frio invernal, sem dúvida virá o brilho e o colorido da primavera e da vida que renasce. Pois esse parece ser o tema de Brú na Bóinne. A entrada dos raios solares somente no Solstício de Inverno – o Novo Sol – ilumina todo o interior da câmara interna, num espetáculo disputado a peso de ouro pelos neo-pagãos da Europa e de todo o mundo. Só quem já entrou em Brú na Bóinne é capaz de descrever o maravilhamento causado por esse fenômeno. Ao iluminar o interior da câmara, os raios do sol, penetram no útero da Terra, onde as cinzas dos mortos haviam sido depositadas, fecundando-as novamente, e assim garantindo a continuidade da vida após a morte.
Esse é o tema do Solstício de Inverno. A união do sol (masculino) com a Terra (feminina) é o milagre do renascimento e a preservação da vida. É essa união em EQUILÍBRIO que traz a certeza de que a Primavera retornará, e com ela a alegria, a fertilidade e o amor da Terra e de suas criaturas.
Desenvolvendo seus mitos através dos tempos, a humanidade sempre fez do Solstício de Inverno o momento de nascimento de deuses e heróis: Arthur, Dioniso, Mithras, Átis, Osiris, entre outros.
Fonte: Cláudio Quintino - site Hera Mágica Cultural
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