quinta-feira, julho 24

AGORA SIM: CURSO DE MEDICINA JÁ!

O Algarve rejubila. À Universidade do Algarve foi cometida, após milhares de dias de esforços incessantes, a espinhosa tarefa de erguer um Curso de Medicina que cumpra os minuciosos ditames de exigência que o ensino desta ciência encerra.

Cumpre, nesta hora de contentamento, enfatizar o papel crucial daqueles que impulsionaram a criação do Curso bem como celebrar o envolvimento das forças vivas que foram condimentando o caldo de cultura que propiciou a obtenção deste êxito. A Academia deve, neste plano, ser agraciada. Nela, pela mão do Prof. Adriano Pimpão, nasceu a ideia que temos alimentado ao longos destes anos, sem beneplácito ou complacência dos poderes públicos, mas que foi fazendo o seu caminho, caminhando. Foi a ideia sendo burilada, resistindo à inflexibilidade dos sucessivos governos convertidos ao corporativismo, aperfeicoando-se e oferecendo um novo paradigma do ensino da medicina que recria a figura do médico, para além de apetrechos meramente técnicos, dotado de uma dimensão pessoal que suscite a confiança do paciente. Fica claro que a região precisa que a Universidade puxe a carroça e que, quando ela é puxada com vigor, o Algarve transfigura-se.

Para mim e para aqueles que comigo participaram na petição " Curso de Medicina já" é hoje um dia épico. Dos que não se esquece e se relembra. Recordo que foram recolhidas 9500 assinaturas e que, por isso, a questão foi discutida em plenário da Assembleia da República, o governo e os partidos foram confrontados com os seus compromissos políticos, a região foi alvoraçada pela gestação de uma plataforma cívica que encarnava uma indómita vontade de, no plano político, contribuir para que os congestionamentos nos corredores de São Bento fossem superados. Lá estivemos, em audiência com o Presidente da assembleia, Dr. Jaime Gama, na Comissão de Educação e com as representações parlamentares das forças presentes no hemiciclo, carregando sobre os ombros os argumentos que presidiam a tão justa pretensão. Tudo isso hoje é muito reconfortante. Cultivamos a imodéstia, ainda que num grau ínfimo, de termos contribuido para tão afortunada decisão.

O Algarve vence hoje um severo constrangimento. Esta decisão oferece um mundo novo de oportunidades. Aos nossos jovens que para prosseguir o seu sonho tinham que rumar a remotas paragens. Ás populações que se encontravam despidas de auxilio e a que o número de médicos que a região "importava" não conseguia acudir às suas necessidades. Ao Algarve, do povo e turístico, que poderá aguentar a inclemência estival que resulta da inundação de turistas sem ter que se postrar em poses de indisfarçável vergonha pelos seus índices de saúde depauperados. Ao Algarve que quer progredir, vencer a globalização e a concorrência voraz de emergentes destinos turísticos, ao Algarve da iniciativa e da igualdade de oportunidades e tratamento por parte do Estado, ao Algarve que sabe se não anda fica para trás.

Foi o governo que tomou a decisão, e bem. Reconheça-se o mérito. Cumpriu. Mas foi o Algarve que a conquistou. Não foi o Algarve resignado, abúlico e conformado com a sua má sorte. Não, não foi esse. A não esquecer.

Cristóvão Norte
1º Subscritor da petição "Curso de Medicina já!"

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