quinta-feira, março 19

Bibiloteca à escala europeia VS Política Cultural e Educativa


Temática: Política Cultural e Educativa da Câmara Municipal de Faro.

Reporto-me à Biblioteca Municipal António Ramos Rosa.
Tem-se ouvido vozes de contentamento e visto aplausos efusivos à grande marcha de desenvolvimento cultural e educativo que tem "assolado" a nossa cidade.
Enfim...inverto a questão, falando do atraso.

Obviamente que não questiono as medidas de incentivo e apoio que têm sido tomadas. Questiono sim que, sendo nós uma cidade que já foi capital europeia da cultura, que tem 2 pólos universitários, cuja população jovem é cerca de um terço da população total do concelho, se possa vangloriar de ter uma Biblioteca Municipal que, em qualquer cidade homóloga europeia, envergonharia os seus cidadãos.

E digo isto, fazendo referência a uma situação verídica que aconteceu recentemente: um estudante do ensino superior que pretenda encontrar obras literárias, científicas, referências bibliográficas sobre um determinado campo do conhecimento, vê-se profundamente limitado. Fazendo menção a uma situação em concreto, não se compreende que a Biblioteca Municipal de Faro não possua, por exemplo, um Código Comercial ou um Código do Trabalho actualizado. Infelizmente, esta não é uma situação isolada. Basta aceder ao catálogo da Bibioteca Municipal para se ter uma ideia...
E o mais ridículo ainda é alguém fazer uma reclamação à própria CMF, mencionando a lacuna bibliográfica e obter uma resposta, no mínimo, caricata: "A Câmara Municipal de Faro não tem orçamento suficiente para adquirir novos livros!!!" Dramático. A Câmara Municipal está mesmo de tanga. Nem um livro que custa € 30 ou € 40 consegue comprar. Mas compreedemos o sacrifício...afinal de contas, a CMF não anda por aí a esbajar dinheiro inutilmente...

Ironias à parte, existem mais de 75 mil bibliotecas à escala europeia; fazendo uma correlação com as bibliotecas das nossas congéneres europeias, facilmente verificarmos o quão a Biblioteca Municipal de Faro se assemelha à de um país terceiro-mundista. Mas não é. É uma biblioteca do Século XXI.

Contudo, a própria Biblioteca da Universidade do Algarve, mais antiga, é, em termos comparativos, superior à Biblioteca Municipal: algo que, claramente, reflecte a parca visão estratégica que a Câmara Municipal de Faro tem tido em relação à política cultural e educativa do município.

É facto assente que vivemos na "sociedade da informação", na era da globalização e do desenvolvimento de auto-estradas do conhecimento e não temos uma infra-estrutura estratégica que acompanhe essa evolução.

E isso,para além de comportar, stricto sensu, um claro prejuízo para os jovens, uma vez que não possuem infra-estruturas que abram caminho ao domínio cultural, linguístico, tecnológico e económico que já existe em outros países europeus, repercute-se, lato sensu, na esfera e no desenvolvimento de um país.

Pena que tenhamos dirigentes que, para além de não partilharem da mesma opinião, se refugiem em argumentos da treta para dissimularem a visão medíocre com que olham para questões estratégicas de um município ou de um país.

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