FARO, CAPITAL DA POLUIÇÃO VISUAL!

O nosso principal contacto com o mundo que nos rodeia faz-se através da visão que nos ajuda a adaptar ao meio em que vivemos. As imagens que recebemos repercutem-se sobre o nosso equilíbrio psicológico. Se por um lado, a beleza do mar, a imensidão da montanha, nos dão uma sensação de paz e calma, já os bairros degradados, o chão sujo e com lixo, as paredes vandalizadas com grafitis têm efeitos nocivos na nossa personalidade, para além de deixar passar um sentimento de insegurança, de marginalidade, de degradação e desleixo de uma cidade.

Infelizmente, Faro tem sido nos últimos tempos assolada por uma vaga sem precedentes de vandalismo e de destruição do património arquitectónico, como testemunham as seguintes imagens, assemelhando-se algumas artérias desta cidade aos perigosos guetos existentes nos mais problemáticos bairros norte-americanos, onde os fenómenos de toxicodependência, marginalidade e prostituição são uma realidade.

Perante estas imagens, onde marquises e persianas de casas particulares são afectadas, muito dificilmente se pode chamar a isto arte urbana, tanto mais, quando nem um parque infantil escapa a esta forma de arte.

No entanto, temos a consciência que alguns destes desenhos podem ser considerados “arte urbana”, mas para tal, é imperativo que sejam respeitadas as casas dos cidadãos e o património da cidade.

Neste âmbito, Indira Gandhi proferiu a seguinte frase: “Como podemos nós falar àqueles que vivem em aldeias e bairros da lata em manter limpos os oceanos, os rios e o ar, quando as suas próprias vidas são contaminadas desde a origem?”

A Câmara Municipal de Faro não pode continuar a ignorar este grave problema de poluição visual que afecta praticamente toda a cidade e tem de tomar medidas concretas no combate a este flagelo, nomeadamente recuperar as fachadas degradadas, identificar os prevaricadores, obrigá-los a limpar e a suportar os custos pelos danos causados e criar locais específicos na cidade para a prática desta “arte urbana”, porque nós temos o direito de viver numa cidade limpa, segura e onde a qualidade de vida seja uma realidade.