segunda-feira, abril 28

AS MULHERES E A POLÍTICA

As mulheres (o suposto sexo fraco e hostilizado) são em minoria na política. De tal facto não existe qualquer dúvida ou desacordo. As opiniões dividem-se é no porquê e nas quotas atribuídas obrigatoriamente a mulheres dentro dos partidos e instituições políticas.

Existem 5 motivos pelos quais as mulheres ingressam na política. São eles: a solidão; o verbo de encher; o “se ele pode eu também posso”; o tacho; a capacidade.

É verdade! Muitas mulheres acima de uma determinada idade (pode ir dos 20 aos 50 anos) vão para a política porque são atingidas pela solidão. E como o desespero leva a tudo, a política é um bom circulo para se encontrar pessoas que logo à partida (e partindo do princípio que a mulher tem alguma afinidade com o partido que escolheu – se é que se deu ao trabalho de ler as suas bases, ideais e objectivos) têm algo em comum com ela e, supostamente (muito supostamente) são pessoas minimamente formadas, com educação e nível. Estas mulheres, já no partido, vão atrás das multidões, as suas opiniões são as da maioria ou pelo menos do grupo onde estão mais inseridas. Trabalham, sim é verdade. Para não ficarem mal vistas fazem o que lhes pedem, mesmo que isso as incomode profundamente e não entendem o que estão a fazer ou porque o estão a fazer. Mas pelo menos não estão sozinhas.

Outras vão para a política porque o pai, o irmão, o namorado, os amigos ou outro alguém as puxou/empurrou. Neste tipo existem duas variantes. As que estão lá a aquecer a cadeira (uma da última fila, para passarem despercebidas), não têm opinião (ou pelo menos têm medo de a mostrar), recusam qualquer tarefa com um sorriso tímido e um olhar de não sei/não consigo. Se alguém insiste ficam com um ar de pranto e desespero que, com medo de as verem desabar, mais ninguém toca no assunto. As outras são espampanantes, barulhentas, fazem perguntas idiotas e estão sempre cheias de pressa para irem ter com os filhos, com o marido ou com o namorado. Ambas as variantes não se interessam em aprender, em fazer, ou mostrar qualquer tipo de mais valia. Muitas delas não são incompetentes apenas acham que aquilo não é para elas.

Outras necessitam de se auto-afirmar como mulheres e, para tal, têm de rivalizar com os homens. Vão para a política, até são capazes de conseguir um ou outro cargo, mas copiam tudo o que os homens que lhes servem de referência fazem, independentemente de ser correcto ou aplicável à situação em questão. E como tudo o que os homens fazem, infelizmente (ou felizmente), na política (ou fora dela), não tem o mesmo efeito se realizado por uma mulher, arranjam sarilhos.

Depois há aquelas que estão lá, na sombra, à espera da proximidade das eleições, para saltarem para a ribalta e trabalharem, opinarem, insinuarem a sua capacidade, sempre à espera de uma recompensa choruda, um cargo aqui ou ali, um título. Mas note-se que, após o tacho obtido, o fogo apaga-se e voltam a esperar na sombra a próxima oportunidade por um melhor lugar. Esta situação apesar de aqui ser personificada por uma mulher é também muito comum na versão masculina.

Por fim, existem as mulheres que estão na política porque realmente têm queda para isso. Gostam de política, sabem do que falam, trabalham e têm mérito próprio. São capazes de contrariarem os outros para defenderem as suas ideias e não têm receio de ficarem sós a defender as suas causas. Não estão cheias de pressa para irem cuidar dos filhos e do marido (não que seja mau cuidar dos filhos e do marido, mas deixam essas tarefas já resolvidas e entregam-se de alma e coração ao que estão a fazer), conseguem conciliar de modo harmonioso os seus interesses. Não estão à espera que lhes digam “coitadinhas ainda têm de ir cuidar da casa”. No verdadeiro termo do que é ser uma mulher conseguem estar em vários locais ao mesmo tempo. Não necessitam de uma imagem masculina para Ídolo ou Santo e, sobretudo, estão na política por amor à camisola.

Contudo, infelizmente, estas mulheres são em minoria e, pior ainda, são desacreditadas no mundo da política, pelos outros tipos de mulheres. Uma lista que vá concorrer seriamente numas eleições pensa duas vezes em convidar mulheres se já teve experiências com o “verbo de encher” e assim, para além de poder prejudicar uma mulher capaz, está definitivamente a prejudicar-se a si própria. Esta lista para além de não ter um elemento capaz (provavelmente mais capaz do que 2 ou 3 homens da lista) não tem a componente feminina que embeleza e dá leveza em qualquer situação.

Assim, chega-se a um impasse. Se imporem quotas obrigatórias (Lei da paridade já em vigor) para mulheres nos partidos e nas listas vão aparecer mais e mais solitárias, oportunistas, desprovidas de conteúdo e inseguras, ofuscando as que têm realmente capacidades. O que se torna realmente grave se estivermos a pensar na governação de um país, município ou mesmo freguesia (não que não existam já pessoas assim nos órgãos de governação, muitas delas homens até). Contudo, sem quotas muitas destas mulheres capazes podem ficar de fora, pois como diz o ditado: “Gato escaldado de água fria tem medo”.

Assim, será necessário encontrar um meio termo, com bom senso que permita que a imagem política das mulheres evolua como sinónimo de capacidade, dinamismo, entrega e acima de tudo competência.

Idália Sebastião
JSD/Faro

12 comentários:

Nuno Antunes disse...

Gostei Bastante desta demonstração da Realidade...

"E como tudo o que os homens fazem, infelizmente (ou felizmente), na política (ou fora dela), não tem o mesmo efeito se realizado por uma mulher, arranjam sarilhos."

Anónimo disse...

Caros militantes,
Venho demonstrar o meu total desagrado pelo artigo publicado As Mulheres e a Política.
Este artigo revelou um profundo desconhecimento da Realidade Nacional, mas mais do que isso, desconhecimento das reais necessidades de um Partido Político, seja ele qual for.
Fiquei sem perceber se a altura de publicação veio muito a propósito das eleições do Partido. Disso nem quero falar!
É um artigo de opinião, e ainda bem, pois cada um pode e deve falar daquilo que lhe vai na alma! Contudo, atenção que o verbo “Encher” é aquilo que neste momento, e num futuro bem próximo, iremos necessitar!
À uns dias atrás, o nosso Estimado Ex.mo Presidente Cavaco Silva, falava na juventude que se afasta da política. Ora bem, a JUVENTUDE, futuros homens e mulheres, estão em fase de aprendizagem, daí ser juventude. É por aqui que se deve começar! Os jovens líderes partidários devem promover a aprendizagem dos seus militantes, incentivar a sua participação nas actividades e MOTIVAR a sua continuidade, e não questionar o porquê de aqui estar, independentemente do seu género.
Voltando ao artigo, quero homenagear todas aquelas MULHERES que fazem algo, em qualquer área, política ou não política! Até parece que a mulher entrou em guerra com o homem, por causa de uns cargos! Mas todos esquecem que a Mulher só por si representa uma grandeza! É Mãe, é Trabalhadora; é Esposa; é Dona de Casa, e se não lhe bastasse, desde a sua emancipação, também se encontra na política! E muitos foram os seus frutos!
Vivam todas as MULHERES que lutam pelas suas causas e por um PORTUGAL MELHOR, e deixo aqui o meu incentivo a todas aquelas que ainda não encontraram o caminho para lutar! Não se esqueçam que nunca é tarde para começar!
VIVA A MULHER!

Anónimo disse...

Cara Luciana,

Mas tu percebeste o conteúdo do artigo?

É que pelas tuas afirmações, creio que ficaste confusa....ou então enfiou-te mt bem uma das "carapuças" mencionadas.

Bruno Lage disse...

Eu concordo com o texto.

Na minha opinião, resumir a actividade partidária das mulheres a uma mera quota, creio que isso é que é menosprezar o seu valor e será de facto aplicar o adjectivo "verbo de encher".

A quota, servirá para garantir "tacho" aquelas que nada valem e nada fazem pelo partido tal como se refere este texto.

Na JSD/Faro não precisamos de quotas. Há mulheres praticamente na mesma proporção que homens e não necessitaram de quotas para se imporem, para serem ouvidas e apresentar ideias bastante válidas e são estas as mulheres que a política precisa.

Esta medida das quotas no meu entender tinha lógica nos anos 70 ou anos 80. Hoje em dia já não faz qq sentido.

Cara Luciana, mencionas no teu comentário a seguinte frase: "um profundo desconhecimento da realidade nacional". Sabias que Portugal, por exemplo, é o país da UE com o maior número de deputadas na Assembleia da República?

Finalizo dando-te razão à necessidade de formação politica da juventude e é por isso mesmo que a JSD no geral (e a de Faro em particular) tem feito uma forte aposta na formação. Aliás essa é uma das vertentes mais importantes das juventudes partidárias: Escola Política!

Anónimo disse...

Pois engana-se meu caro anónimo!
Dei a ler o artigo a 10 pessoas conhecidas por e-mail (militantes e não militantes, homens e mulheres)e as críticas foram bem negativas.
Sendo este um blog político, apesar de ser da juventude e de secção, o artigo é despropositado e inconveniente.

Pedro Nunes disse...

lage, vais de mal a pior...
dp do santana, dp do menezes...agora alinhas pelo hipotetico candidato jardim...
p onde queres levar o psd?
de cacos já ele está, c as tuas escolhas ainda mais no fundo vai bater...
acorda homem...queres um PSD forte?
ou queres um PSD fraco, folclorico, gozado pelo povo,sem credibilidade na sociaedade, etc?
pareces daqueles que qto mais me batem mais eu gosto...
acorda desse pesadelo que ainda estás a tempo.

Anónimo disse...

"Cara Luciana, mencionas no teu comentário a seguinte frase: "um profundo desconhecimento da realidade nacional". Sabias que Portugal, por exemplo, é o país da UE com o maior número de deputadas na Assembleia da República?"


Nem sabe ela, nem sabes tu!!! fonte: (As of 31 December 2007, Inter-Parliamentary Union)

Member State
% of Women MPs (equivalents)

Sweden 47.0
Finland 41.5
Netherlands 39.3
Denmark 38.0
Spain 36.6
Belgium 35.3
Austria 32.8
Germany 31.6
Portugal 28.3
Luxembourg 23.3
Lithuania 22.7
Bulgaria 21.7
Estonia 20.8
Poland 20.4
Latvia 20.0
UK 19.5
Slovakia 19.3
France 18.2
Italy 17.3
Czech Republic 15.5
Greece 14.7
Cyprus14.3
Ireland 13.3
Slovenia 12.2
Hungary 11.1
Romania 9.4
Malta 9.2

Bruno Lage disse...

Tens razão, esta frase induziu-me em erro, mas não deixa de ser relevante os resultados portugueses.

"A percentagem de mulheres na Assembleia da República é superior à média dos parlamentos nacionais europeus" - Portugal Diário

Anónimo disse...

Venham elas!

quantas mais gajas melhor...

fedor

Anónimo disse...

Cara Luciana,

Obrigada pelo comentário, são todos bem-vindos. Contudo, o mesmo leva-me a crer que ainda não tiveste experiências reais no meio político, pois estarias mais inclinada a concordar comigo. Mas não te levo a mal, pois o que se ouve dizer, ou se imagina, é algo diferente da realidade vivida.

Não entendo como podes ficar tão chocada com o meu artigo pois tu própria, no comentário deixado, dás valor, tal como eu, às mulheres que realmente fazem algo, e passo a citar: “Voltando ao artigo, quero homenagear todas aquelas MULHERES que fazem algo, em qualquer área, política ou não política!”.

Não deves levar o meu artigo tão a peito, pois não se trata de um ataque às mulheres e sim uma crítica à falta de respeito e amor-próprio que muitas ainda apresentam, prejudicando-se a elas e, infelizmente, a outras.

Porém, fico muito desiludida quando consideras que o “verbo de encher” faz falta. Lamento que penses serem necessários na política elementos (masculinos ou femininos) que não sejam dotados de qualquer mais-valia, ideia ou opinião, ou que sejam treinados para responder em uníssono à mesma voz e ao mesmo comando.

Anónimo disse...

as gajas fazem falta na politica.

tb temos de os vazar de vez em quando!

fedor

Anónimo disse...

Caros amigos;

Tenho seguido o artigo de opinião da Idália com alguma atenção, antes de mais quero louvar a iniciativa pois este tema é sempre oportuno.

A análise sociológica que a Idália faz relativamente à motivação das mulheres na participação pública e política é muito interessante e arrojada e quanto a esses parágrafos devo dizer que concordo com muitos dos argumentos utilizados. Sobre o assunto considero oportuno acrescentar que em muitos casos a motivação dos homens para a vida pública e política padece dos mesmos males, não cabendo somente às mulheres o drama da "solidão", "do verbo", "do poder", "do tacho" e "das capacidades" muitas vezes em potencialidade. Não obstante o exposto – "todos os que vierem por bem, são bem vindos".

Se é verdade que a Lei da Paridade chega a Portugal com cerca de 30 anos de atraso, principalmente, numa altura em que os outros países europeus começam a procurar outras fórmulas para dinamizar a participação das mulheres na vida politica, também é verdade que se, actualmente, o parlamento português tem 28,3% de mulheres isso deve-se ao facto do PS ter implementado a quota dos 33% ao nível interno do seu partido - mecanismo que nenhum outro partido politico utilizou nas legislativas de 2005.

Por outro lado, também temos de reconhecer que um país onde as mulheres votaram pela primeira vez em 1976 e que chegou a 2007 com taxa de participação das mulheres na vida pública e politica cada vez maior, principalmente, na faixa etária dos 20 aos 35 anos, muito provavelmente, não necessitaria da quota para garantir uma participação cada vez mais equitativa das mulheres. Independentemente deste argumento, que agora só existe de forma especulativa, o facto é que HOJE temos em vigor uma Lei que obriga a integração de 1/3 de mulheres nas listas dos partidos políticos. Uma Lei que deve ser entendida como uma ferramenta de trabalho para que se atinja um determinado fim, não sendo essa Lei um fim em si mesmo. Mais, numa perspectiva optimista devemos entender a Lei da Paridade como uma janela de oportunidade para que nos disciplinemos todos enquanto colectivo e utilizemos cada vez mais uma linguagem não discriminatória relativamente aos géneros. Para terminar este parágrafo resta apenas dizer que continuar esta discussão é um desgaste de energia e de recursos, pois a Lei a Paridade é uma realidade, quer gostemos dela ou não, de onde decorre que teremos de lidar com esta realidade da melhor forma possível.

Para quem têm vontade de participar na vida politica, lanço-vos o repto, homens e mulheres, procurem as vossas secções concelhias e disponibilizem-se para trabalhar. Para quem que já participa nas lides políticas deixo-vos o desafio - não entendam o "sangue novo" como uma ameaça, mas sim como o garante da vossa continuidade.