quarta-feira, abril 16

O ALGARVE E O SÉCULO XXI

O Algarve é uma região com características culturais, geográficas e sociais singulares. Desde sempre uma região de gente humilde e trabalhadora nos campos, no mar e nas indústrias.

O último século transformou muitos dos hábitos e labores de tantos anos da população Algarvia, que sofreu também uma mudança com a chegada de muitos estrangeiros que pelo gosto das gentes, do clima e das terras Algarvias, aqui chegaram para morar, enriquecendo a diversidade social e colocando o desafio de se manterem as tradições e hábitos que tanto nos caracterizam. A indústria de conservas e transformação quase desapareceu resistindo algumas outras industrias, nenhuma com a expressão da que surgiu para tomar o posto de principal empregador e fonte de riqueza da região, o turismo, desenvolvendo várias actividades económicas desde os serviços à construção que modelou uma nova imagem, à rural e muito natural região existente no inicio do passado século.

O Algarve dispõe de uma geografia muito rica e peculiar que conta com uma vasta costa ao longo de todo o sul e oeste com muitas e diversas praias de beleza única e cativante. O ponto mais a sudoeste do continente Europeu é um lugar preso no imaginário de historias e lendas de onde Portugal se lançou à descoberta do mundo. Por sua vez, no interior, na zona de barrocal, pode-se ainda encontrar muita natureza intacta por entre alguma agricultura que ainda subsiste. Nesta zona encontram-se ainda importantes aquíferos que garantem uma importante reserva de água para a região e também aqui se apresentam os sobreiros com uma importante exploração de cortiça que já chegou a criar grandes riquezas em outros tempos nomeadamente em Loulé que foi um grande produtor. Por fim mas de grande importância para toda a região a norte, a serra marca a paisagem algarvia e confere-lhe o clima ameno e particular que a caracteriza, zona de singular beleza e hábitos por entre o verde de suas paisagem que do alto avistam toda a costa e barrocal e onde existem produção de animais e árvores como o medronheiro que permite a destilação de uma das bebidas características do Algarve, o medronho. Monchique em plena serra é como que um oásis de singular beleza e frescura de suas nascentes minerais onde se encontra a Fóia o ponto mais alto da região.

O Algarve, vive hoje muito do Turismo um sector que tomou vital importância nas últimas décadas e deve ser tratado com muito cuidado por forma a valorizar a região, desenvolvendo as infra-estruturas que nos permitem melhor qualidade de vida, para quem reside e visita, e acima de tudo dando a conhecer a Portugal e ao mundo a cultura, as tradições, os hábitos e a beleza natural que nos caracteriza enquanto região. A boa e variada gastronomia desde as carnes aos magníficos pratos de peixe, os bons vinhos e frutos caracteristicos algarvios são uma mais valia que importa aproveitar.

A região deve preparar-se de forma inteligente para este novo século que já cresce. Deve ser uma aposta dos concelhos criar soluções para as necessidades energéticas recorrendo a energia solar ou eólica bastante abundantes no Algarve podendo criar e ter uma autonomia que garanta mais riqueza para a região e mesmo para o país.

A agricultura mesmo em pequenas produções não deve deixar de fornecer os mercados com produtos de qualidade e sabores característicos da região, criando riqueza e melhorando a qualidade dos produtos consumidos, que podem assim dispor de processos mais naturais na sua produção ao estarem mais próximos do consumidor.

O tratamento de resíduos urbanos e industriais deve ser uma grande e importante responsabilidade à qual toda a sociedade deve colaborar na preservação do nosso maior bem: a natureza. A captação e reutilização das águas pluviais nos centros urbanos pode e deve ser uma mais valia no tratamento de águas residuais e deverá ser aplicada em jardins e em outras necessidades municipais.

A dessalinização das águas deve ser vista pelas autarquias como uma mais valia para o abastecimento das redes públicas. Com esta opção, pode-se dar resposta ao crescente consumo de água, a que se pode aliar politicas concretas e objectivas de sensibilização para o consumo consciente e moderado deste precioso bem. Estas medidas vão seguramente permitir uma melhor gestão das bacias hidrográficas e com as barragens já existentes dar resposta às necessidades sem os municípios terem de recorrer a exploração das águas subterrâneas, permitindo assim a manutenção desta grande riqueza que deve ser preservada para bem do equilíbrio do ecossistema que sempre deu ao Algarve o seu verde característico.

A regionalização para o Algarve é essencial, para que possa ser garantida na região um desenvolvimento adequado com sua própria dinâmica, colocando as decisões necessárias próximas da população onde elas irão ser implementadas, permitindo maior celeridade e responsabilidade de decisão sendo a própria região a ter maior capacidade de escolha dos seus projectos e politicas.

O Algarve sempre foi e deverá ser uma porta aberta ao mundo! É muito importante que haja um investimento na melhoria efectiva das redes de transportes nomeadamente, para além das estradas, a requalificação e melhoria das linhas ferroviárias, sobretudo a ligação ferroviária ao sul de Espanha, que deve ser equacionada em parceria com Espanha. Esta ligação e a respectiva ponte sobre o rio Guadiana vai seguramente beneficiar e valorizar a comunicação e o turismo entre os dois países, em particular as duas regiões, Algarve e Andaluzia, potenciando a actividade económica e cultural entre ambas.

O Algarve já foi um dos centros do mundo e tem a particularidade da sua vasta costa ser uma porta aberta a este mesmo.

O mar sempre foi uma referência da região. Como tal, deve ser valorizado, regulando e permitindo um bom aproveitamento das pescas, criando condições para o seu melhor aproveitamento, respeitando a natureza e fiscalizando as suas actividades defendendo o ecossistema. A criação de docas e portos são imprescindíveis para dar as merecidas condições a quem vive do mar.

A todos nós algarvios cabe o desafio de preparar o futuro em construção presente.

João Tiago Louzeiro

Presidente da Mesa do Plenário da JSD/Faro

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