segunda-feira, abril 21

O EFEITO DONUT EM FARO

O efeito Donut, ou se preferirmos o esvaziamento dos centros urbanos, está neste momento a tornar-se uma realidade em Faro.

É já comum depararmo-nos com inúmeras casas fechadas, emparedadas e num estado de degradação acentuado, onde por vezes, se assiste derrocadas de maior ou menor gravidade. Algumas dessas casas, muitas vezes tornam-se por parte de toxicodependentes em autênticas “salas de chuto”, ou em depósito de lixos e entulhos com as repercussões que isso implica em termos de saúde pública.

Este fenómeno tem aumentado sobretudo nas últimas duas décadas, fruto das profundas alterações a que a sociedade portuguesa tem sido sujeita ao nível económico, social e cultural, tendo surtido numa forte transformação no parque habitacional português.

De referir que as cidades têm vindo a assumir um papel determinante, enquanto centros de decisão política, cultural e económica o que efectivamente condicionou as formas de habitação e onde Faro, não é excepção. Nesta cidade tem-se verificado um ritmo de construção e uma especulação imobiliária superior à média do território nacional.

Em consequência deste fenómeno temos a franja mais jovem da sociedade (jovens famílias) a fixarem-se na periferia onde os preços das habitações são mais acessíveis, enquanto se assiste ao envelhecimento e à desertificação do centro urbano. Como consequência, vê-se o comércio na baixa da cidade a definhar, as ruas com falta de vida e alegria, as habitações a degradarem-se e o sentimento de insegurança a aumentar.

Para inverter esta tendência é urgente levar para os centros urbanos equipamentos e infra-estruturas que “chamem” pessoas ao centro e promover a recuperação e o arrendamento dos imóveis fechados. Porque não apostar em residências universitárias em alguns edifícios do centro da nossa cidade e que neste momento se encontram em estados de degradação avançados? Como é óbvio também não se pode negligenciar a politica de transportes colectivos e áreas de estacionamento.

Sobre o arrendamento há que efectivar, com urgência, politicas que visem incentivos aos senhorios e à reabilitação urbana de forma a que estes se sintam motivados a colocarem os seus imóveis no mercado de arrendamento e que parte desses imóveis se destinem aos jovens, com a aplicação de rendas controladas.

Esta matéria, tem sido inclusive uma das grandes bandeiras da JSD que entende ser determinante alterar as regras de tributação dos rendimentos prediais e das rendas. Por outro lado, para a JSD, é também necessário que se crie uma política de reabilitação urbana e que os imóveis reabilitados sejam colocados no mercado de arrendamento.

É insustentável continuar a viver em cidades completamente degradadas, sem vida e será uma política suicida continuar a “empurrar” os nossos jovens para fora dos centros urbanos. Não promover políticas que invertam esta situação será conduzir a cidade à decadência e à morte pelo seu interior.

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